Novo tempo

No meu povoado se acorda de madrugada
E ainda meio que estabanado
Acende-se  o fogão a lenha
E sob o telhado enfumaçado
O camponês prepara algo para durante dia comer

Uma a uma, abrem-se as portas, o lavrador vai à luta.
Canta talvez com angústia a passarada
O arvoredo promete sombra nas paradas
Enquanto da tristeza se liberta canta do amor à doçura.

Da mediocracia a epopeia de antanho, autor desconhecido.
Pálida paisagem poluída
Sonambulas mulheres
A sorrir para os cicários que elas mesmas construíram.

A serenidade da voz a pasmar a consternação que não deveria...
Repica o sino na igreja 
O dia não foi o se quis
Aquele que de "amor e de esperança a terra desce..."

Ouço e posso ver resquícios  da escuridão absoleta
O vento traiçoeiro traz o incenso
Que o padre não gosta, eu penso...
Enquanto escancara a vida a assegurar a plenitude do livre-arbítrio.

Acorda-se cedo no meu povoado, estância dos sonhos
Despetalada madrugada
Onde se ama sem pensar
O sol ainda não se foi, mas garanto: amanhã será outro é dia.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 27/04/2019
Reeditado em 28/04/2019
Código do texto: T6633818
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