Apenas um embrião confuso inacabado.

Antes que os sonhos virem cinza

eu busco o sentido da minha verdade

e percebo um ogro a minha espreita

uma escancarada boca ali no umbral

quiçá um buraco oco para escapulir

algo de Pirandello em suas cenas.

E os faustos, fadas, também os magos

surgiram daquelas brumas de Avalon

trazidos por Rei Artur vívido, alado

e eu corro para alcançá-lo, em vão

na época medieval dos tais castelos

das chamas, das tochas nas pedras

das grades de ferro dos mausoléus

tropeço na pedra, pé-de-moleque.

estatelada ao chão, me resto, morta.

Um medo de solidão então se alastra

e é neste instante que acordo e noto

que careço inerte da santa fé maldita,

estúpida, torpe, enleada e sem nexo,

algo que se crê, mas não se vê, se evita,

algo que me divide em muitas, agônica,

escracha os dois costumes, este monstro,

e que torna a atacar sedento e funesto

tal qual Lestat o belo sanguessuga.

Fujo pelas matas densas, no breu

me transporto para além-mar, um porto,

encontro e nos braços do Capitão Gancho,

alcanço o meu estado zen, desconhecido

topo com minha alma aflita, inércia pedinte,

aporto aguardando este meu eu refeito

um quase de hápax de mim se apossa

em fantasias, delírios, loucura e paz!

(28/09/2007 - 02/10/2007 – 04/10/2007 - 12/10/2007)