SERTÃO WILD

Via galhos, galhos e mais galhos secos passando por mim na estrada

Na janela, poeira a trinta por hora

Caminho coberto por turvo tom de sépia da poeira desse meu sertão

Léguas e mais léguas de um mundo que parece até então não ter visto

Uma venda, uns caboclos bebendo pinga

O brilho reluzente de um “pica-fumo”e a luz turva de um lampião

Sertão selvagem ou wild sertão?

Não importa

Os galhos enfeitavam o caminho e permeava a loucura em minha cabeça

Pensava o tempo todo no diabo na rua e deus com o berro na cintura

Sertão brabo da porra hein?

Cada vinda por mais que te conheça sertão, muda tudo o que sinto e que penso

A poeira na botina é a mesma e as lembranças também

Mas o que me espera dessa vez pode ser pior

Pois travessia igual a essa, Riobaldo quem dizia, “A gente principia as coisa no não saber por que e desde aí perde o poder da continuação”

Acho que a maior busca desse caminho é a interior, do que está aqui dentro

A batalha cega de não saber onde nem por que, mas saber que vai chegar

Santiago de Compostela ou sertão de Guimarães

O que vale é o caminho e a saída é a nossa busca

A chegada não importa muito, como disse Riobaldo, o que importa é a travessia.

Bruno Andradi
Enviado por Bruno Andradi em 28/02/2020
Código do texto: T6876663
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