A CALÇADA

Os olhos que olham o nada...

Dizem tudo sem falar...

Sentado na calçada...

Pensamentos a vagar...

Aonde irá dessa vez?

Tão longe, assim distante...

Sem ninguém, além...

Para traçar o horizonte...

Deitando com as lembranças?

Para o futuro sonhador?

Será que será promissor?

Manter-se no presente?

Mesmo que já não passe tanto por lá...

Assim, tão indolente?

O poeta não sabe...

Apenas divaga...

Sua alma ali não mais está...

Criou asas...

Quer voar...

Uma trilha no céu aberto...

Que se vê por todo lado...

É um menino...

Que se sente amado...

Perdendo-se para não ser achado...

Pelos caminhos em frente...

Pelas dobras à esquerda...

Os cantos à direita...

Criando passos...

A calçada sem nome...

Estará num novo endereço...

Num tempo em que havia mais estrelas...

Quando a vida tinha mais apreço...

No vento que agora passa...

No boêmio bairro...

Casarões antigos...

Telhados remendados...

Envolto nas suas vontades e pleno de sentimentos...

Apenas sentado...

Encontra seu alento...

Uma conversa prolongada...

Um sorriso disfarçado...

Um bom dia feliz e bem dado...

Para quem vê o poeta...

Sonhando ali sentado...

Um dia a gente cresce...

E acha que sabe tudo...

Que conhece o que há de bom...

E de mal nesse mundo...

Mas o poeta ali na solitude...

Prefere dizer oi com a alma...

Conversar e se ver...

Na profundidade de seu ser...

Nesse mundo sem conversas na calçada...

E vagalumes são apenas recordações...

O poeta pergunta:

- Você viu nascer a lua ontem?

Sandro Paschoal Nogueira

http://conservatoriapoeta.blogspot.com

Sandro Paschoal
Enviado por Sandro Paschoal em 19/04/2020
Código do texto: T6921966
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