Depois da festa
 
Se a voz falha o canto se atrapalha
Amola e desola toda gente no salão
Evidenciam guitarras baixo e violão
Entristece quem tece o ambiente
Latente e ávida a vida vira pura emoção.

Mas a festa não para, dispara falação
Na clara intenção de logo prosseguir
Pessoas pares livres dão-se as mãos
E reinicia a cantarola a gargalhar e sorrir
Logo aponta a aurora lá no topo do grotão.

A broa de milho, o café e o leite sobre a mesa
Beleza, nos arrozais, flores se abrindo
Campos orvalhados a vaca na sobressa
Andarilho no seu cavalo atesta sorrindo
A espada de São Jorge a combater o Dragão.

Coisas da vida, insipidos trollam mulheres
Vida em desalento vagueia entre paredes
Homem selvagem feito fera ferida onera
A emoção de sua dama em terna nobreza
Porém sarcástico nunca lhe pede perdão.

Abre-se a possibilidade da esperada liberdade
Amabilidade da festa agora não existe mais
O baile acabou, mas na mesa ainda há pães
Intacta está a broa de milho para logo mais
E diante da intolerância a dama se foi para nunca mais voltar.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 01/10/2020
Reeditado em 02/10/2020
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