Às Quebradeiras
Quebradeiras de coco quanto sufoco no seu dia-a-dia,
Desbravando cerrado sofrendo caladas sem rebeldia:
Têm Joana, Joaquina e Maria de machado virado pro céu
E soquetes nas mãos, buscando sustento no alimento ofertado
Por fazendeiro ou patrão; almoçam farinha com pimenta
Malagueta, mostram-se felizes, ocultam-se caretas.
Joana tem três filhos, Joaquina quatro e Maria doze;
Maridos desempregados, o corte da cana acabou, estradas
Foram construída e em frente de obras ninguém mais se falou
Depois que a tecnologia no roçado para o abastado chegou.
No final do dia, Joana, Joaquina e Maria lembram-se das canções
Que quando criança cheia de esperança para ninar, cada uma delas,
A mãe cantou; de balaios nas costas, todas vão à cidade
Vender o colhido para alimentar os filhos e desocupados maridos.
Fazem sociedade para comprar um quilo de comida;
Partem-se pacotes ao meio, de açúcar ou centeio
Para continuar a vida e cheias de emoção, cantando
A mesma canção continuam-se desnutridas.
Salve Joana, salve Joaquina, salve Maria e quebradeiras
De cocos menos conhecidas... Enfim, salvem-se todas
Que na luta pela sobrevivência preservam a vida.