Às Quebradeiras

Quebradeiras de coco quanto sufoco no seu dia-a-dia,

Desbravando cerrado sofrendo caladas sem rebeldia:

Têm Joana, Joaquina e Maria de machado virado pro céu

E soquetes nas mãos, buscando sustento no alimento ofertado

Por fazendeiro ou patrão; almoçam farinha com pimenta

Malagueta, mostram-se felizes, ocultam-se caretas.

Joana tem três filhos, Joaquina quatro e Maria doze;

Maridos desempregados, o corte da cana acabou, estradas

Foram construída e em frente de obras ninguém mais se falou

Depois que a tecnologia no roçado para o abastado chegou.

No final do dia, Joana, Joaquina e Maria lembram-se das canções

Que quando criança cheia de esperança para ninar, cada uma delas,

A mãe cantou; de balaios nas costas, todas vão à cidade

Vender o colhido para alimentar os filhos e desocupados maridos.

Fazem sociedade para comprar um quilo de comida;

Partem-se pacotes ao meio, de açúcar ou centeio

Para continuar a vida e cheias de emoção, cantando

A mesma canção continuam-se desnutridas.

Salve Joana, salve Joaquina, salve Maria e quebradeiras

De cocos menos conhecidas... Enfim, salvem-se todas

Que na luta pela sobrevivência preservam a vida.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 29/10/2007
Reeditado em 29/10/2007
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