A cantiga do vento

Quem vive ou já viveu à beira da maré.
Sabe de ouvido quando ela está enchendo.
Pelo barulho que o vento vem fazendo.
Em tudo que ele vai encontrando ali de pé

À noite o som das palhas dum coqueiro.
Ao sabor do vento no quintal a balançar
É o som que ouço num cadenciar brejeiro
Como se fora uma bela cantiga de ninar...

Em minha infância eu morei no litoral...
Quando meu pai trabalhava de vaqueiro.
E noite adentro eu já ouvia-lhe o ritual...
Pois seu relógio era o locutor sertanejeiro.

Ao som do vento misturado ao de um modão.
Eu escutava sempre o meu pai se levantando
E essa lembrança que para mim é uma canção
De dia se cala como a maré que vai secando...

Assim às noites o som do vento me visita...
Quando amanhece vai sumindo suavemente.
E como à maré ensina a dança mais bonita.
A noite ele vem ninar meu sonho novamente.

Adriribeiro/@adri.poesias

Esse poema é uma homenagem ao Litoral Sul segipano. É uma lembrança da minha infância à beira da maré do Povoado Crasto- Santa Luzia do Itanhi/SE.
Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 07/02/2021
Reeditado em 07/02/2021
Código do texto: T7178317
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