REMOENDO LEMBRANÇAS

Tenho me lembrado muito

Da minha Várzea do Canto,

Do lugar tenho saudade,

Das pessoas outro tanto!

Lembro a casa que nasci,

A frente para o nascente,

Curral e chiqueiro ao lado,

E um “pé de riso” na frente.

De tijolos, sem reboco,

As linhas de aroeira,

Construída por José

Pereira e Dona Cordeira.

No terreiro da mãezinha

Um grande tamarineiro

Abrigava em sua sombra

Ciganos e comboieiros.

Os cajueiros gigantes

Sombreavam o baixio,

E acoitavam os meninos

Que desciam para o rio.

Dentre os cajueiros tinha

O preferido, o mais ancho,

Que a mãezinha chamava

O cajueiro do rancho.

Sob sua fronde esparsa

Ela fazia compotas,

E distraía os meninos

Com piadas e anedotas.

Na minha infância saudosa,

Como ave que se empluma,

Voei feliz em meus sonhos

Sem proibição nenhuma.

Onde ficaram guardados

Meus brinquedos infantis,

Também foram fecundados

Os sonhos primaveris.

Saudoso lembro dos primos

Osvaldo, da tia Mimosa;

Filhos da tia Toinha,

O Braulino e o Birrosa.

Augusto, do Padrinquinca,

Cresci com ele a brincar,

E a trindade do Tidim,

Fafá, Riba e Ademar.

Colhi frutos no vergel,

Andei montado em jumento,

Não jogarei minha história

Nas brumas do esquecimento.

Esta saudade gostosa

Dos bons tempos de criança,

É um elemento acessório

Ao arquivo da lembrança.

Várzea do Canto é o canto

Onde está meu abascanto.

Meu umbigo e minha mãe

Jazem na Várzea do Canto.

Dideus Sales
Enviado por Dideus Sales em 30/05/2021
Código do texto: T7267505
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