Poeminha da vida torpe

Difícil dizer em qual instante a vida tornou-se torpe...

Lembro do seu riso gasto

O arrastar das sandálias

A chave virando no trinco da porta

A saudade quase morta de você

Relembro das graças

Dos búzios nunca jogados

Do corpo esticado na cama desfeita

Dos suores trocados

Da vida torpe que levava-mos

Não sei precisar quando o amor se desfez

Só sei que guardei os seus trejeitos

As suas músicas dedilhadas

A guitarra rompendo a noite

O dia em que você partiu

A memória embotada pela dor

Falha ao perceber o ponteiro estático das horas

Perdi o sono

Perdi os sonhos

E, sem muito a dizer, apaguei a luz que me guiava até você

No caminho torpe dos instantes indiziveis

Teu riso ecoa pela casa

Teu cheiro de malva

E toda a sua graça insistem em te projetar em mim

O seu fantasma dança na agonia desse ressentir

Difícil dizer em qual instante tornou-se vida o que era torpe

Porque dói demais amar-te assim

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 26/04/2022
Código do texto: T7503372
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