Desfolhas...

Numa consternação que não se explica

Retorcem-se, troncos em dor

Vão perdendo-se, grudadas vidas

Gravetos, frutos, flores e folhas

E dessa última...

já bem amarelada, apenas uma só delas, restou!

Passaram-se dias e dias

Chuva forte, desabou

Raízes se esgueiram, combalidas

Cessou, após vieram geadas, nevascas e frio

Ali, bem nas margens de um rio

A folhinha lutadora...

Esperneou, resistiu, não caiu, lutou!

Mas tudo tem hora, momento e lugar

Até desabar de vez e de muito lutar, desabou

Seguiu feito pluma, na bruma fraca, a sofrida...

Pra lá, pra cá em seu solitário e necessário, desfolhar

Nada há que a detém, jamais, nada cessa seu voar

Ficando cada vez mais leve...

Fraquinha, desidratada, vencida, que dó despencou!

Um vento marau amigo presenciou e prenunciou, triste fim

Frenou, de vez parou, mudou-se em direção e voltou

Em redemoinhos foi amparar, a pequena ressequida

Conduzindo-a, às águas cianas de seu mar

Para findar pós legado, assim poder se transformar

Recebida por uma linda sereia...

Cessou sofrimentos, a pobre...

Enfim costeando areia branca, se entregou

...descansou!

SERRA GERAL
Enviado por SERRA GERAL em 13/10/2022
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