Dor dos meus jejuns

No branco silêncio de um depois

fica sempre um cheiro de vazio

porque esse alguém, p'ra onde foi,

não levou a saudade nem o frio.

E lá na rua onde morava

oiço ainda o eco dos seus passos

o cheiro a rosas que deixava

quando me envolvia nos seus braços.

Às vezes, fechando os olhos, vejo ainda

aquele olhar que nos trespassava

e oiço aquela voz que nunca finda

dizendo o quanto nos amava.

Eram gestos, palavras incomuns

que ao fundo da infância davam paz

e fiquei livre da dor dos meus jejuns

minha alada e adorada Monsaraz!