Nos lábios e nos dedos

Trago suspensa nos lábios

A palavra poesia,

Trago, na ponta dos dedos,

Todos os versos por escrever,

Nos olhos, trago estrofes,

Métricas, rimas e tercetos ...

Tantas quadras d'ilusão

Que na forma nunca rimam

Mas que enquadram um sentir

Vasto e profundo,

Cheio de sucalcos no caminho,

À beira de um abismo!

Existo p'ra sofrer em minha

Própria dor,

Destruo-me e renasço

A cada instante, para em seguida,

Voltar a morrer e depois a renascer!

Sou assim em cada verso!

Porque trago suspensa, nos lábios,

A palavra poesia e na ponta dos dedos

Todos os versos por escrever ...