Labirinto Textual

Labirinto Textual

Comer teu sexo ao aspirar o cheiro da tua epiderme.

Beber num só gole as fezes vermicidas da própria indecência,

pular sem mover-se para nenhum lugar,

mas ainda assim pular,

para cumprir a risca o roteiro do destino.

Queimar-se com a frieza do feto abortado pela solidão,

ouvir a imensidão do Universo com o olhar míope do entendimento

(troque deliberadamente o oxigênio pelo ácido lisérgico).

Reduzir a sensatez até ficar do tamanho de um mundo incolor e opaco.

Brincarei com as palavras como se fossem um quebra-cabeça,

varrerei a limpeza de todos os nossos atos altruísticos

que deixamos cair pelas ruas.

Afogar no fogo a verdade

a qual perdeu seus direitos nos tribunais.

Plantar num solo impermeável a nossa alegria,

regando-a diariamente com nossos prantos e dores líquidas.

Nadar com resto da família nos mares petrolíferos,

ouvindo a melodia lúgubre das baleias.

Luzes acesas no cérebro parta enevoar nossa capacidade dedutiva,

estuprar literalmente a amizade dos poucos sobreviventes terrestres.

Tossir palavras gordurosas para causar enfartes.

Ser eletrocutado ao tocar no hímen do amor,

e caminhar bêbado pelo longo fio de arame da paixão.

Sento numa rocha de madeira para pensar:

como criar algo que ainda não existe,

como criar algo que Deus ainda não imaginou…?

Não crio poesias, simplesmente traduzo-as.

Por favor: Quanto custa a tua alma,

estou interessado em comprá-la.

É preciso primeiro se perder completamente,

para poder assim encontrar-se finalmente,

no labirinto cognitivo de Ser.

Gilliard Alves

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 30/12/2007
Código do texto: T796932
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