Céu
I
madrugada é tempo morto
não é hoje, não dormi
não é amanhã, não acordei
não é ontem, não passou
madrugada não é tempo é
momento
e que somente os sóis elétricos podem iluminar
o barulho é de estrela fria e azul
cheiro de natureza manifesta em qualquer lugar do mundo
perdão da Terra inconsciente, festa
madrugada tudo descansa, porque nunca foi
ou será sentimento?
surge momento
e continua...
II
cinzas já começam a sair
do que passou
o laranja o rosa o verde o roxo azul me contaminam
naquele início de calor um pó de mim
começa espalhar pelas artérias
da cidade
compaixão, tara, gestalt e fumaça
suspira, não sabe triste ou feliz
ai, a construção disso tudo
no céu-terra-mar
sublimada e perfume
meio-dia vira hora concreta de sinal.
III
então o laranja chegou com toda força agora
depois do strogonoff e do café
como deve ser a tarde
nos olhos de um sapo azul...?
rios de cerrados vivos passam, debaixo
da janela
prédios ocupados e tudo mais
hora suada
termina no elevador e depois pão
misturado com café e açúcar demais
IV
quando a lua ainda esfria
um ou outro problema
o calar daquele dia só nos serve pra esquentar chuveiro morno
tudo é lenda e sonolenta
pisca o átomo do fim...
a noite não está a venda
é vasta e não cabe
na globalização nem no novo aeroporto de Hong-Kong
não é não, meu deus, não é coisa
do aeroporto
apenas o frescor fragrante da escuridão
os gritos soberbos dos ecos terrenos, soterrados
na treva serena.
em seus olhos só há paz no entanto