Embarcações
O cais que me habita
é raso e profundo
esgrime meus versos
dilacera minha poesia.
Meus passos seguem um rumo só
caminham na direção do vento
marés me atravessam
por dentro.
Tua presença dilacera,
rasga as sombras escondidas
entre o pôr-do-sol
atrás das cortinas do horizonte
e o brilho fugaz das estrelas.
O cais que me habita
traz as embarcações
dos meus sonhos naufragados
e o coração de um marinheiro só
que me habita a alma
e acalma
a noite despedaçada
de luas vazias.