CHUVA NA ROÇA

A aragem fresca num instante se agita,

Torna-se em frio e intenso vendaval...

As alvas nuvens de algodão, leves, risonhas,

Transmutam-se em manchas negras e bisonhas,

Plasmando um aterrorizante temporal.

O gado põe-se em fila e volta ao retiro,

Idosos tomam terços e põem-se em longas preces,

A passarada parte em busca de seus ninhos...

A caboclada segue muda em seus caminhos,

O sol se esconde e o dia escurece.

De longe já se vê chegando o manto branco,

Quebrando e deitando a relva da herdade...

Os relampejos prenunciam os trovões,

Correntes seguem o veio dos aluviões,

E o temporal se impõe, se faz de majestade.

Por vastas horas tudo pára e silencia,

Não mais trator, moinho, enxada ou motosserra,

Somente águas deslizando nas vertentes,

Sendo sugadas pela sede das nascentes,

Movendo os fluidos que renovam a atmosfera.

Após o caos, vem a bonança e volta a calma,

O ar saudável restitui a Natureza,

E tudo volta ao normal do dia-a-dia...

Cenhos fechados abrem-se em nova alegria,

De novo vibra a vida em sua pureza.

Tião Luz
Enviado por Tião Luz em 24/02/2008
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T873294
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