CHUVA NA ROÇA
A aragem fresca num instante se agita,
Torna-se em frio e intenso vendaval...
As alvas nuvens de algodão, leves, risonhas,
Transmutam-se em manchas negras e bisonhas,
Plasmando um aterrorizante temporal.
O gado põe-se em fila e volta ao retiro,
Idosos tomam terços e põem-se em longas preces,
A passarada parte em busca de seus ninhos...
A caboclada segue muda em seus caminhos,
O sol se esconde e o dia escurece.
De longe já se vê chegando o manto branco,
Quebrando e deitando a relva da herdade...
Os relampejos prenunciam os trovões,
Correntes seguem o veio dos aluviões,
E o temporal se impõe, se faz de majestade.
Por vastas horas tudo pára e silencia,
Não mais trator, moinho, enxada ou motosserra,
Somente águas deslizando nas vertentes,
Sendo sugadas pela sede das nascentes,
Movendo os fluidos que renovam a atmosfera.
Após o caos, vem a bonança e volta a calma,
O ar saudável restitui a Natureza,
E tudo volta ao normal do dia-a-dia...
Cenhos fechados abrem-se em nova alegria,
De novo vibra a vida em sua pureza.