Velho chápeu...

Acabo de chegar da padaria

Um café expresso, fui tomar

Se soubesse o que eu veria

Eu nem poderia imaginar...

Encontrei um senhorzinho

Desses que ainda usa chapéu

Estava ele todo alinhadinho

Dizia para se proteger do céu

Ensinava a todos que passavam

Que aquele chapéu ele tirava

Para os que o cumprimentavam

Em qualquer esquina que encontrava

Mas o dito cujo outras vezes ele extraia

Sempre na frente de qualquer igreja

E uma respeitosa reverência ele fazia

Sem que quase ninguém veja

E para toda mulher que passava

Lá ia o velho chapéu às mãos

E com um aceno ele ocultava

Sua verdadeira intenção

Dizia ser vendedor de rua

Um bom papo ele possuía

Afirmava que a vida continua

E que cem anos ele viveria

E sem delongas o chapéu ele põe fora

Intrigou-me este seu procedimento

Pois não havia mulher naquela hora

Que merecesse tal cumprimento

Muito menos perto de igreja ele estava

Para repetir o agora conhecido gesto

Porém naquela reverência ele ficava

E isso eu vi de perto, eu atesto

Só não entendi de pronto que era para mim

Me dei conta quando o vi todo galanteador

Disse-me que também cumprimenta assim

Todo aquele que sabe ser “ouvidor”

Era um senhor de muita idade

Nele se encontra muita sabedoria

Há também muita verdade

Para quem extrai da vida alegria

Uma lição preciosa ele me ensinou

Que gente idosa só quer atenção

Minha admiração ele conquistou

Com aquele velho chapéu na mão

Marcelo Scot
Enviado por Marcelo Scot em 25/03/2008
Reeditado em 25/03/2008
Código do texto: T916414
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