Guarda(dor)
Eu tento não fechar os olhos
tento não adormecer
tento não deixar que o sono
adormeça o sentimento
tento não deixar morrer
Luto contra mim mesma
sou gladiadora nessa arena
e esse pobre músculo cansado
que pulsa sem razão de ser
banhado no vermelho intenso
das tantas batalhas travadas
insiste em adoecer
teima em adormecer
sangra até, quem sabe...
estancar
supreender
e sobreviver.
Sobreviver às ausências
as perdas
as dores
às espadas empunhadas
aos tantos vilipendiadores
aos nobres valores
aos velhos amores
aos tantos, e tantos
e tantos temores...
Sobreviver a si mesmo
sempre tão aparvalhado
tão ensimesmado
incapaz de discernir
entre certo e errado
pobre, leso, tosco
bobo sem corte
palhaço sem tenda
conto sem fada
Pobre dono de nada
nem do nobre sentimento
que ele apenas guarda.