O TRANSLADO DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL
Mil oitocentos e oito,
Ano de magna alteza:
Após um translado afoito
Chega a Corte Portuguesa.
Premida por força bruta
Do corso Napoleão,
Que queria, a toda custa,
Expandir o chão bretão
O usurpador Bonaparte,
usando estuante agrura,
quis ver subir o estandarte
francês à maior altura
A francofônica troupe,
ao atravessar a Espanha
já rendida sob muque,
mas também com artimanha
Pôs seu fraco rei a ferros
nas masmorras de Paris,
deixando seu povo aos berros
contra o rei que o corso quis
Entrou no reino joanino
suportando mil tropeços
e com esforço asinino
do Trono chega aos cabeços
Ocorre que a lusa gente
de priscas eras sustinha
cos ingleses lealmente
trato de ajuda na rinha
D.João e a corte lusa
já longe iam no Tejo
e a ver navios a intrusa
franca gente olha o cortejo
A vinte e dois de janeiro
aporta em solo baiano;
quase dois meses inteiros
pra atravessar o oceano
No soteropolitano
chão deste solo heróico
o Regente lusitano
arrebata o povo estóico
Aqui chegado o Regente
toma sábias decisões:
nossos portos abre urgente
para as amigas nações
Franqueando os portões do Reino
às transas comerciais,
abole, num primo treino,
monopólios coloniais
Na Boa Terra ainda
por outra régia medida
um curso médico brinda
ao Brasil, quase à saída
Foi para o Rio de Janeiro
a capital brasileira
e a oito de março o Outeiro
da Glória tem vista inteira
Chegava o Regente ao Rio,
soberano em solo seu;
foragido não se viu
nem exilado se deu
O Regente D. João,
com sábia medida e boa,
evitou que o Trono grão
virasse um domínio à-toa
São os cortesãos quinze mil,
que vêm nos barcos singrantes,
juntar-se ao povo do Rio,
cinqüenta mil habitantes
Vêm trazendo toda sorte
de recursos e pessoas,
médicos, entes de porte,
conselheiros, normas boas
De Lisboa pro Brasil
a capital foi mudada
não passando a Corte à vil
condição de subjugada
A sede então do reinado,
o Brasil sendo de fato,
atos, leis, tudo assinado
pra que o Rio tenha bom trato
Palácios, Igreja, usina,
a Biblioteca Real
e um curso de Medicina,
o segundo, assim, pra tal
Criou o Judiciário
e do Comércio uma Junta;
com olhar extraordinário
Conselhos e Banco ajunta
Instalou a Impressão Régia,
o Arsenal de Marinha,
e com sutil estratégia
as Belas Artes aninha
Um Real Jardim Botânico
pra receber toda planta
do mundo transoceânico
criou e nos hoje encanta
Para aclimatar as castas
de imperiais palmeiras
planta aléias duplas, bastas,
já relíquias sobranceiras
Igualou num Reino Unido
o Brasil a Portugal,
que de colônia que há sido
passa, agora, a principal
Com tais medidas tomadas,
mais outras tantas havidas,
o Brasil teve mudadas
fundamente as suas vidas.
Nota: Na foto acima o Príncipe Regente D. João, recém-chegado a Salvador, no interior da nau Príncipe Real assina o ato de criação da Escola de Medicina da Bahia, primeira escola superior do Brasil. Pintura exposta no Salão Nobre da pioneira Escola de Medicina de Salvador.
.
----------------------------------------------
Médico e Escritor. SOBRAMES/ABRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br
www.sergiopandolfo.com
Homenagem do Autor aos 200 anos dessa histórica epopéia.
Mil oitocentos e oito,
Ano de magna alteza:
Após um translado afoito
Chega a Corte Portuguesa.
Premida por força bruta
Do corso Napoleão,
Que queria, a toda custa,
Expandir o chão bretão
O usurpador Bonaparte,
usando estuante agrura,
quis ver subir o estandarte
francês à maior altura
A francofônica troupe,
ao atravessar a Espanha
já rendida sob muque,
mas também com artimanha
Pôs seu fraco rei a ferros
nas masmorras de Paris,
deixando seu povo aos berros
contra o rei que o corso quis
Entrou no reino joanino
suportando mil tropeços
e com esforço asinino
do Trono chega aos cabeços
Ocorre que a lusa gente
de priscas eras sustinha
cos ingleses lealmente
trato de ajuda na rinha
D.João e a corte lusa
já longe iam no Tejo
e a ver navios a intrusa
franca gente olha o cortejo
A vinte e dois de janeiro
aporta em solo baiano;
quase dois meses inteiros
pra atravessar o oceano
No soteropolitano
chão deste solo heróico
o Regente lusitano
arrebata o povo estóico
Aqui chegado o Regente
toma sábias decisões:
nossos portos abre urgente
para as amigas nações
Franqueando os portões do Reino
às transas comerciais,
abole, num primo treino,
monopólios coloniais
Na Boa Terra ainda
por outra régia medida
um curso médico brinda
ao Brasil, quase à saída
Foi para o Rio de Janeiro
a capital brasileira
e a oito de março o Outeiro
da Glória tem vista inteira
Chegava o Regente ao Rio,
soberano em solo seu;
foragido não se viu
nem exilado se deu
O Regente D. João,
com sábia medida e boa,
evitou que o Trono grão
virasse um domínio à-toa
São os cortesãos quinze mil,
que vêm nos barcos singrantes,
juntar-se ao povo do Rio,
cinqüenta mil habitantes
Vêm trazendo toda sorte
de recursos e pessoas,
médicos, entes de porte,
conselheiros, normas boas
De Lisboa pro Brasil
a capital foi mudada
não passando a Corte à vil
condição de subjugada
A sede então do reinado,
o Brasil sendo de fato,
atos, leis, tudo assinado
pra que o Rio tenha bom trato
Palácios, Igreja, usina,
a Biblioteca Real
e um curso de Medicina,
o segundo, assim, pra tal
Criou o Judiciário
e do Comércio uma Junta;
com olhar extraordinário
Conselhos e Banco ajunta
Instalou a Impressão Régia,
o Arsenal de Marinha,
e com sutil estratégia
as Belas Artes aninha
Um Real Jardim Botânico
pra receber toda planta
do mundo transoceânico
criou e nos hoje encanta
Para aclimatar as castas
de imperiais palmeiras
planta aléias duplas, bastas,
já relíquias sobranceiras
Igualou num Reino Unido
o Brasil a Portugal,
que de colônia que há sido
passa, agora, a principal
Com tais medidas tomadas,
mais outras tantas havidas,
o Brasil teve mudadas
fundamente as suas vidas.
Nota: Na foto acima o Príncipe Regente D. João, recém-chegado a Salvador, no interior da nau Príncipe Real assina o ato de criação da Escola de Medicina da Bahia, primeira escola superior do Brasil. Pintura exposta no Salão Nobre da pioneira Escola de Medicina de Salvador.
.
----------------------------------------------
Médico e Escritor. SOBRAMES/ABRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br
www.sergiopandolfo.com
Homenagem do Autor aos 200 anos dessa histórica epopéia.