De volta ao meu sonho

Wilson Correia*

Adeus, mancha cinza em pleno verde da natureza

Quando você vai se deixar verdejar de vida, hein?

Quando? E em que dia você se tornará a inteireza?

Oh! Não. Fique com a cidade chã e com sua cinza!

Você sabe, eu nasci escravo da liberdade. Sei voar

Mas, claro, você pode se esforçar prá me derrubar

O avião em que me encontro não está em pedaços

Olhe, não vou cair e o avião não irá se estraçalhar

Então, adeus, cidade manchada de cinza e sem cor

O que preciso mesmo é de esperança verde e calor

Eu não quero essa vista a meia morte no meu olho

Bye, bye, pessoa insossa; tchau, pessoa sem sabor

Volto inteiro no rumo do meu sonho de ser e criar

Quero, sim, contemplar estrela, com ela conversar

Decidi que o meu futuro não se trava e nem falece

Continuará debaixo do meu sonho, onde é e cresce

O que você pensa em continuar a fazer neste lugar?

Você se estacionou onde não posso ser e nem estar

Estou certo de que continuará mitigando esse viver

Adeus, pessoa e cidade cinzas, eu prefiro me amar

Como ninguém é insubstituível, um outro aqui virá

Quando ele chegar nas cinzas, eu quero estar longe

Quero estar fazendo o que gosto, que me envolverá

Não quero é estar morno e sem a vida prá desfrutar

Então, adeus cidade e pessoas cinzas, a meio passo

Muitos passos à minha frente, tudo o que devo dar

Não ficarei aqui feito estátua empedernida e podre

Bem, minha vida vale mais, como vale meu sonhar

Sigo rumo ao meu sonho original. Dele não desisto

Uma coruja me chama prá outras plagas e outra cor

Com ela eu irei em promessa de verde e belo brilho

Adeus, à mancha cinza, à pessoa sem nenhum sabor

---SP, 23.07.2009---

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009.