POEMA DE NATAL - AI DE VÓS

AI DE VÓS

Luiza Porto

Ai de vós, os que reclamam de tudo!

Esquece que todas as manhãs,

o Cristo sorridente, espera seu despertar e diz:

Olha o que te preparei.

E diz mais, velei seu sono, mal algum lhe aconteceu.

Eu vigiei!

Mas você, na ânsia de reclamar,

nem ligou.

Não reparou que levantou bem disposto e com saúde,

e atravessou o vale das sombras sem percalços.

Durante o dia, teve pressa em julgar o próximo,

esquecendo sua missão.

Nessa pressa interpretou os atos e palavras alheias,

com uma sentença severa, punitiva, sem chance de perdão.

Durante o dia, eu tentei te avisar, para que fosse outro o caminho,

mas não me ouviu.

Anoiteceu! Quem sabe agora poderá notar a minha presença.

Me ouvir, mas está muito ocupado, reclamando que o dia foi curto e rápido demais.

Bom, quem sabe mais tarde, talvez me dirija uma pequena prece,

quem sabe agradeça por nada ter lhe acontecido de mal.

Passou o tempo. Ei, vai se deitar?

Como parece estar cansado.

Eu falei: O sono será bendito, mas não me ouviu,

reclamando da cama e que talvez as horas de sono não fossem suficientes.

Mas ainda queria lhe falar, para dizer que a vida tem um ritmo próprio,

e que deves confiar em mim, para resolver seus problemas.

Vou lhe dizer: Ei! Psiu, deixe-me falar que...

É, dormiu, mas eu ficarei aqui

e velarei seu sono.