NOITE DE SÃO JOÃO

Doura o sol no céu, neste dia de São João,

engalanam-se as ruas com papelinhos,

enquanto se escuta o passo do acordeão,

e põe-se todos a bailar, crianças e velhinhos.

Animadas as mulheres põe flores no cabelo,

surpresos turistas juntam-se ao bailado,

e fazem uma roda, parecida com um novelo,

há sardinhas a assar por tudo que é lado.

Os martelinhos e o alho-porro juntam-se à festa,

nas janelas e nas casas, o fidalgo manjerico,

e os papelinhos jogados colam-se à testa,

passa uma carroça enfeitada, puxada por um jerico.

A música entranha-se nos nossos ouvidos,

apregoam-se versos e rimas e inauditos estribilhos,

que ecoam pelas vielas e passeios divididos,

por cestas de flores e vasos, com imensos brilhos.

Bebe-se do vinho lá da terra, das ilustres videiras,

e a dança não pára à espera do claustro da noite,

enquanto o trigo e o centeio descansam nas eiras,

o acordeão e os ferrinhos tocam, como num açoite.

Alguns homens, já deram em trocar o passo,

as mulheres os sustém, bailando daqui para ali,

neste dia o rico néctar é quase sempre escasso,

trazem-se tonéis do licor, como eu nunca vi.

E entre as danças, cantares, comes e bebes,

o festival está animado, com gente a abarrotar,

pleno de excitação dás tudo o que ao corpo deves,

e entre voltas e voltas, não te deixas desanimar.

Cai a noite, acendem-se as luzes e os luzeiros,

e a emoção chega ao rubro da estimulação,

com todos aglomerados, à luz dos candeeiros,

dançando e pulando, com distinta satisfação.

E aí vai o São João, dependurado a passar no cortejo,

com o padre a benzer todos os confrades alentados,

e a festa prossegue noite fora, pelo que prevejo,

até que os corpos de tanta euforia se sintam cansados.

Jorge Humberto

23/06/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 23/06/2011
Código do texto: T3052367
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