MULHER!

Que no ventre abençoado
gera o fruto amado.
Cria, educa, abençoa
a semente, que pressente
ser fértil e boa...
 
Depois, com asas fortes
descobre a vida e voa!...
 
Que ama com loucura
desnuda a alma, despe o corpo,
ao seu homem se entrega,
numa paixão pecadora e pura.
 
Desconhece o desencanto
da  prece em desventura,
não sabe ainda
ser uma simples aventura,
uma viagem... onde na próxima parada
destino entra, com  face mascarada.
 
Então sofre, entre perdas e partidas,
a criatura se faz fragmentos,
o sonho estilhaça qual vidraça...
 
Amordaça a dor, engole o sabor amargo
num único e lento trago!
Assim, briga e abriga o tempo...
 
Na chegada hora do adeus,
coração contrito, disfarça...
 
Sempre vence a batalha com a razão,
não permitindo o adormecer
da magia, o encanto da emoção
que alimenta e sustenta seu eu.
 
Mulher, quem é você?
Onde encontra forças para viver?
 
Mulher só e abandonada,
perdida nos grilhões de si mesma
tentando ser e ter coragem
para sobreviver!
 
Mesmo com o peito apertado,
nó arranhando a garganta,
pensamentos vagando
em abstratas lembranças...
 
Na parede do escuro quarto ,
um antigo espelho
reflete sem dó,
desbotado retrato:
Mulheres tantas,
maculadas, acorrentadas,
vencidas... vividas
dentro de uma só!
 
 
08/03/2007
 

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 08/03/2007
Reeditado em 21/10/2009
Código do texto: T406006