A Versão da Aversão

Pasmo

Boquiaberto

Atônito

Estupefacto

Diante do cadáver putrefacto

Do palhaço

Estouraram-lhe o baço

Surrupiaram-lhe o cabaço

Abandonado no terreno baldio

O vadio

Outrora homem

Tornou-se bizarro

Espetáculo popular.

Sua vida dissoluta

Abastada, absoluta

Virou conto de cordel

As abas de seu chapéu

Adornaram a tosca cruz

De seu tosco mausoléu

As piadas, as gargalhadas

Dantes tão apreciadas

Foram todas esquecidas

A pompa e a circunstância

A incomensurável ganância

Levou-lhas para o inferno

O sofrimento sempiterno

Velho safado, decrépito

Asqueroso ancião

Junto ao fedorento caixão

Enterre seu garbo

Sua nobreza do Paraguai

“Habitué” da boa mesa

Será a frugal refeição

Dos vermes.

CARLOS CRUZ – 15/03/2007