Kaldi

Essas ondas que eu mesmo faço,

As curvas traçadas no espresso,

São, às vezes, válvula, confesso

Das tristezas do ilustre palhaço;

Escondido por entre a maquiagem,

As lágrimas e um pouco de tinta.

Nos lábios a cor que ainda pinta

É o negro se diluindo na imagem.

Das xícaras, às margens banhadas,

Enxerguei por inteiro meus dias,

Vi chegar primaveras cegas e frias,

E sumir quentes e vivas madrugadas,

Nem o Sol desfaleceu encoberto,

Nem além, fermentou-se ao passar,

Nada eclipsou-se em meu olhar,

Porque por ele estivera desperto!

Sorvido por todos os lados,

De sentimentos, meu recipiente.

Ah, café! Companheiro silente

De alegrias, amores e enfados!

14 de abril,

Dia internacional do café.