MINHA PAISAGEM TODO DIA...

Quero aqui fazer uma homenagem ao Dia da Terra (22/04/2015).

Tenho alguns textos escritos com o tema mas, este é especial para mim.

No planeta encontramos lugares maravilhosos, verdadeiros paraísos concretos. No entanto, sempre em nossas mentes ficam registradas paisagens, com significados particulares. Esta paisagem que retrato neste simplório poema, faz parte da minha vida, desde a minha infância. Fascinante é pensar nela, olhar pra ela... Sentir-lhe a emoção.

Ela está gravada nas retinas, como uma gigantesca onda verde petrificada no tempo... Gosto de vê-la quando escondida sua face pelas neblinas, ou quando o sol doura a sua pele e, nela livre sopra o vento. Ela está guardada em meu coração.

Espero que gostem!

MINHA PAISAGEM TODO DIA...

Pelos ouvidos do meu quarto

Ouço o canto livre dos pássaros

Com meus olhos, como um frio aço

Que pouco a pouco perde o carbono

E vou acordando do meu sono...

E vendo através desses ouvidos

Eu também ouço outros ruídos

Por entre as árvores de concreto

Vejo alguns edifícios desertos

Verdes casarios destruídos...

E na manhã que vai crescendo vejo

A crescente floresta, nova e fria

Destruindo, joaninhas, borboletas, percevejos

Invasores que ali em suas casas resistiam

Pois, antigos moradores, de um lar precisariam...

Árvores, arbustos pelas trilhas novas

Numa nova fotossíntese do ar

Absorvem oxigênio e o ar renovam

Emitindo gás carbônico sem parar...

Com novas leis modificando esse lugar...?

Esse animal de suma inteligência

Preocupado com a sua extinção

Semeando as sementes da ciência

Vai matando a flor, o fruto e o pão

E a razão em árvores de aparência...

E assim eu vou: preparando o meu dia

Nesta árvore em que eu moro agora

Em seu tronco oco, no passar das horas....

Ao trabalho vou, pensando o que seria

Numa próxima aurora... Eu acordaria...?

E eu vou pensando... E pensando, embora,

minhas letras duras nesta poesia...

Qual, pelo caminho, eu nômade antigo

Vou à minha senda, com a palavra franca

Todos os sem terras, água, flor e folhas

Vão ficando sem abrigo e sem escolhas...

Onde a esperança mora, verde e santa...

Pássaros, tesouros, cantos de criança

Logo eu vejo outro verdejante abrigo

Do passado a lembrança em alavanca,

da memória se levanta, e vejo e digo:

Eu conheço este maciço em perigo

Moradias verdes, vidas mais que humanas

Condomínio do Maciço Pedra Branca...

E que posso eu fazer tão pequenino?

Desde a minha infância, quando vejo o menino

Eu só tenho esta visão pelos meus dias...

Já sabia andar com os olhos, verde manto

Quero preservar de ti o teu encanto...

E eu decreto minha lei, de um artigo:

Preservado estás nas minhas poesias...

Autor: André Pinheiro

15/04/2015