O bloco do bem-me-quer
Estou prestes a enlouquecer
E ainda nem é fevereiro.
O carnaval está chegando
E o meu biquíni branco ainda está guardado.
Vou tirá-lo da gaveta e dizer
Que há samba na rua
Que há vida na rua
Que o bloco do mal-me-quer
chora
Mas o bloco do bem-me-quer
sorri
Porque estou nele.
Sou aquela, sim, aquela:
A odalisca azul
O palhaço de trança
A freira de batom lilás
A gueixa de óculos escuros.
SOU O POVO
Que não aceita o bloco do pão e circo
SOU O POVO
Que samba na rua ao som do povo que canta
Fartura e fome
Alegria e tristeza
Vida e morte
Amor e desamor.
Mas meu samba é tão pequeno, meu Deus!
Eu queria que ele fosse grande
Como o da mulata do morro.
Eu, a passista da cidade, tão amarelinha...
Queria só a metade da graça da mulata.
Vou buscar meu biquíni branco
Fevereiro é logo ali.
E eu vou sambar no bloco do bem-me-quer
O samba do quem me ama.