Poema de abril

Nesta manhã do dia seis,

como sempre levantei as seis

e vesti a minha melhor roupa,

pois é o meu aniversário,

quando a razão,

me chamou para um sermão,

me fazendo recordar da infância humilde,

o que fez de mim uma pessoa simples,

de roupa rotas, mas porém limpas.

Assim dizia aquela santa senhora,

que por coincidência, também era minha mãe.

Não existia brechó ainda,

mas as vestes já passavam de irmão para irmão

e até os livros eram herdados,

mas isso nunca foi justificativa

para não querer estudar.

O couro do cinto cantaria

e ai de que não lhe obedecesse.

Desculpe, mas recordar não é viver

e sim morrer sempre um bocadinho,

a cada ano que se passa.

Vinte e um anos tinha aquele menino,

quando enfrentou o frio de maio, no Rio,

quando maio era um mês frio

e o Rio ainda era Rio.

Comidinha à mesa, mas ora veja,

isso não tinha mais hora não.

Acordar com o galo, se nem mais galo tinha

e o difícil mesmo era dormir.

Aprendi que não carecemos de ostentação

e sim de perdão ou de muito perdões,

por isso é que faço deste dia,

um dia para mais reflexões,

sempre acompanhado das canções,

as que eu já conhecia, assim como as que eu aprendi,

ao longo desse árduo caminho

e aí já se vão trinta e oito anos,

de muita estrada e muita poeira,

de cansaço, de mormaço e de muito calor.

Também de amor -e por que não?

Bichos pela estrada e também assombrações,

mas muita gente de bom coração também,

já que completamente sozinho,

ninguém pode garantir que é alguém.

Mas vem, se você tem sede,

pois carrego comigo a mesma moringa

e sendo assim, a sede nunca me assustou

e também não deixei de ser quem eu sou

e nem esqueci das roupas rotas e do tênis do meu irmão.

Paz foi o que sempre busquei.

Aquela paz interior, lá do interior

e aquelas meninas, quantas saudades, Colatina,

que já devem ser senhoras também.

Os meninos também cresceram.

Tudo cresce, graças a Deus.

Dia seis e mais uma vez, meu aniversário.

Que bom!

E que bom que posso sair para almoçar

e se quiser, posso jantar também.

Não conquistei o mundo,

mas me lembro muito bem dos velhos amigos,

na companhia dos novos que fiz

e se a vida não foi exatamente o que quis,

posso afirmar que sou feliz, ou quase isso,

mas que desperdício exigir tudo,

uma vez que totalmente feliz,

eu nunca vi alguém ser.

Sempre nos faltará algo ou alguém,

que não poderá vir para o jantar.

Muito obrigado, dona Rosa.

Seu Altair, muito obrigado, também.

Muito obrigado, Colatina, meninos e meninas,

Amigos e amigas

e por minha vida ter começado aí.

rodriguescapixaba
Enviado por rodriguescapixaba em 06/04/2018
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