Mais uma poesia...

Três pontes murmuram cruzando o rio

Um só rio

Que corta minha cidade

Minha distante saudade

Minha terra grapiúna.

Cortada pelo rio Cachoeira

Que cheira ao progresso

E o progresso é destruir

O que a ternura antiga

Fez.

Avenidas largas, cheias, muitas conversas

Muitos assuntos

Muitos olhares de pessoas conhecidas

De pessoas que a gente nem gosta

Mas andam no mesmo caminho da gente.

Pescava-se naquele rio,

Roupas de doutores eram lavadas

Naquele rio.

Banhavam-se no Cachoeira

Que construiu histórias e lembranças

E ausências, e enchentes, e gente.

Minha terra grapiúna, santa e profana:

São José no altar-mor observando

Os afilhados nos becos e ruas foliando

Com seus bebedouros cevados.

Ah! Minha cidade amante e amada e saudada

Que se chamam Tabocas una Itabuna.

Onde estão as pedras pretas nos fundos do rio?

Nas páginas dos poetas e contistas apaixonados

Por esta terra germinadora do ouro – cacau?

Na memória rasgada da poeira histórica

E abibliotecada de meu tempo e do tempo

Da antiga estrada de ferro onde a Maria – Fumaça

Levava e trazia tudo e todos...

Estou a chorar. Coração apertado.

Saudade do aroma delicioso do chocolate

Nas madrugadas que incendeia esta terra amada.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 19/07/2019
Código do texto: T6699412
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