A seca do Natal

Não vou a Pasárgada

coisa alguma.

Ficarei, Manoel

de bandeira em punho,

a cantar meus cactos de Natal,

emudecendo a seca,

mas sem trazer carinhos de Graciliano.

É o brilho da seca

que tudo de triste traz

nos perversos sóis

que tudo secam.

Meus folguedos de verão

estão na fome das lágrimas

no cru destruído do campo

em seca dor alheia a tudo

como se não houvesse rei no sertão

e se Pasárgada fosse regida por um sol

que nos deixasse órfãos

na dor do grito faminto

de um gavião carcará,

fim de um euclidiano lido.