Carnaval

Serpentear de cores

corpos ondeantes

quase nus, distantes,

que dançam e avançam

numa torrente de folia,

e fingem a alegria

que se esbate ao fim da noite.

Andam pelas ruas em cortejos

exibem-se os desejos

de uma alegria eterna.

As pessoas que se movem,

que pulam e que correm

em tamanha confusão,

vão espalhando desvarios

enlouquecidos, vadios,

por entre a multidão.

Um pedaço de tempo alheado,

cujo rosto mascarado

finge ser aqui e agora,

uma alma que não chora

e o tormento é passado.

Porquê isto afinal?

Porque é Carnaval amigo,

é Carnaval.

Eis que chega outro dia

e lá se foi a magia

de ser o que não é.

Voltam ao mundo real,

para o bem e para o mal,

e de novo se ocultam

na imagem de si,

no lugar que é aqui,

imprevisto, incerto…

Isabel Fagundes

08/02/08