Ícaro Moderno

Um menino corre tentando abraçar o vento.

Quem pode domar seus desejos

de se atirar contra o infinito,

de buscar novos planetas,

de viajar na imaginação?

Ninguém detém esse audaz aventureiro.

Por terras de heróis e princesas,

enfrenta terríveis dragões e medusas aladas.

Num faz de conta que é verdade,

seus braços viram asas;

E no calor da liberdade,

sente o corpo derreter como cera viva

numa ânsia louca de se desprender do mundo,

de ir ao fundo, de ser um super humano!

O vento beija sua face oculta, do outro lado da lua

e o menino se deslumbra com o canto da sereia

na sua imaginação, seduzindo anjos inocentes

rasgando o céu, o véu, o ventre...

Ruflando suas penas imaginárias,

afasta os males do mundo, o fruto proibido,

os vales da noite que percorrem os dias.

No olhar desse menino, existe um ser inconstante

a cruzar espaços, a violentar abismos,

a namorar as estrelas com juras falsas de amor...

O pai tranquilo, deitado na rede,

olha para o filho, que corre pelo campo tentando agarrar o vento.

Também fôra caçador de sonhos

com desejo de se atirar contra o infinito,

de voar ao encontro do sol e se converter

... num raio de luz!