A FONTE DA EXISTÊNCIA

A FONTE DA EXISTÊNCIA

Ela é um indômito fluxo

De um caudaloso rio imortal.

Ela é a alba, a aurora, a manhã,

O meio-dia, o pôr-do-sol monumental,

O manto azul-betúmico

Que agasalha imponente

E hermeticamente

A tez do mundo: seu opalínico girassol colossal!

Ela é o pescador, o anzol, a isca:

O cardume de peixes que é a caça

E o caçador canibalista.

Ela é o viço do tempo,

A estridente voz da ventania.

Ela é a liberdade, a sua prisão,

A sua cativa inimiga:

Ela é, sem sombra de dúvidas,

A obra-prima da Poesia!

Ela erige gêiseres, icebergs, um vale de lágrimas

E também floresce nas areias escaldantes do Saara,

Na Brasileira Terra Rachada.

Ela é longevidade, trânsito fugidio.

Ela é a insuplantável densidade;

O onipresente eufemismo!

Ela é um drama contínuo,

Engolfado no exíguo oceano

De doses de prazeres rarefeitos,

Destinados ao limbo, ao vazio, ao reino do eterno efêmero!

Ela é um grão de areia no intangível mar do tempo,

É o próprio tempo em perpétuo movimento;

E, ainda sim, possuidora do cessar como sina, seu intríseco cimento!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA