Canção à Vida

Canto a vida porque me é de sorte

Nos véus das nuvens enxergo todos os nortes

E não adormeço além da morte.

Um canto há, sem, entretanto, melodia.

Por quê? – perguntas. Não, nem eu sei.

Cantarolo sempre, para que não o sufoque.

Em todo vento, sorrateiro e livre,

Em todo sabre, inócuo porque cego,

Transmuto harmonia nesse canto forte.

E vivo o hoje, porque o ontem era treva.

O hoje é só cantiga e alegria.

Amanhã, é só transporte.

Canto a vida para enaltecer a sorte.