A musa
Dentre tudo que compõe o poeta
Talvez não há mais importante
Do que ela, que sempre habita
O pensamento, mesmo distante
E que sempre, sempre ajuda
De alguma forma nobre ou não
Na construção, na escolha
Das palavras que servirão
Aos mais variados propósitos
Sentimento, desabafo
Ela sempre está presente
Nunca dela se está salvo
E muitas vezes ela nem sabe
Que é assim tão essencial
Mas a verdade é que sim
É figura fundamental
E o que menos importa
No final da conta
É se ela sabe ou não
Às vezes considera uma afronta
Ou às vezes, que maravilha, ama
E ama mesmo, de coração
Aquela que pode ser considerada
Praticamente uma profissão (ou maldição)
Uma alcunha nem tão difícil
Honrosa, e que às vezes abusa
Pisa no coração do poeta
Mas ele não vive sem sua Musa
Isso pelo menos era
O que até hoje achava eu
Porque vejam só o que veio me ocorrer
A minha Musa morreu!
(Rio, 2007)