O QUE EU GANHO

O que eu ganho

Defendendo a natureza?

Ganho créditos espirituais

Para abater na dívida

Que tenho com o Pai Criador.

O que eu ganho

Quando sento numa rocha

Às margens d'um riacho

E ouço o harmônico murmurar das águas?

Ganho uma sinfonia que emociona os ouvidos.

O que eu ganho

Quando vejo uma miríade de borboletas,

Azuis, brancas, vermelhas, verdes e amarelas,

Cintilando num campo florido?

Ganho a magia da contemplação.

O que eu ganho

Quando ouço pássaros multicores em coro

Entoando suas angelicais melodias?

Ganho o presente celestial

De ouvir as trombetas suaves dos anjos.

O que eu ganho

Quando caminho numa trilha

E vejo uma rara orquídea

Ou uma bromélia florida?

Ganho a beleza maior que há na vida.

O que eu ganho

Quando às margens d'um poço cristalino

Vejo um cardume de lambaris pequeninos

E prá eles jogo migalhas de pão?

Ganho a alegria de ver tão nobres seres numa farta refeição.

O que eu ganho

Quando em frente de uma exuberante cachoeira

Vejo a suas águas brilhando como um véu?

Ganho uma miração de Nossa Senhora

Rainha amada do céu.

O que eu ganho

Quando vejo uma enorme cainana

Serpeteando majestosa pela floresta?

Ganho a sábia e cósmica certeza

De que a divindade em tudo se manifesta.

O que eu ganho

Quando vejo um imponente lobo

E ouço o seu uivado apaixonado para a Lua?

Ganho a amorosa sensação

De que a natureza é só contemplação.

O que eu ganho

Quando abraço uma frondosa árvore

E sinto a seiva vibrando em seu âmago?

Ganho naquela cúmplice conexão

A nirvânica emoção

De um orgasmo recíproco.

O que eu ganho

Quando bebo água numa nascente pura?

Ganho força que pulsa nas veias

Revigorando-me o corpo

E enaltecendo a alma sedenta.

O que eu ganho

Quando no alto da Montanha Sagrada

Contemplo o infinito no horizonte?

Ganho no meu coração

A paz incomensurável do Criador Onipotente.