RENASÇO

Renasço em asas abertas de quietudes contíguas,

os céus de Deus bordados d'estrelas longínquas!

e quando a última gota d' água de dengo agreste

na minha hirta carapaça se manifestar presente,

liberta e exultando, liberta! sinto qu' imensidade

de canduras me vest' em pura serena claridade,

pertenço então aos eternos atalaias de saudade,

sou terra, mares e também os tenho de verdade!

A doce tristeza que há no meu olhar de morte

s'agarra firme à fragrância cândida que renasce

e os flagelos enterra, angústia e penas destece,

e Sonhos outrora da terra são do anelo celeste!

Vendaval da Morte uivando! Sorrisos e soluços

vão transfigurando o meu vestígio de amarguras

n'absoluta graça d' um clarão bendito em braços,

são agora os abraços do Universo das canduras!

Tal fruto envelhecido que o seu sabor apura,

a minha alma ditosa por ser feliz e mais pura

é branco sacrário e perdoa o caos do mundo,

sorri ao céu e bendiz o inferno transfigurado!

Santos-SP-24/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 24/07/2006
Código do texto: T201101