PAZ INUSITADA

A chuva desliza sobre a janela

Manhã bela – como fim de tarde

Não sei se estou feliz, deveras

Mas, hoje, a vida me invade

Pareço noite – sem as luzes da cidade

Sinto apenas o fulgor de meus olhos

Somente, assim, eu me vejo de verdade

Sou a realidade utópica que ignoram

Levito, indelevelmente, em minh’alma

Sob a incandescência da paz inusitada

Esse gris que me incita, m’acalma

Banho-me com pluviosidade dourada

Anseio reter esse bem que m’escapa

Sempre que estou em seu borne

Que minha noite, de dia, seja diáfana

Ainda que falte Sol – em meu orbe.

Ivone Alves SOL