ROUPAS BRANCAS

SE EXISTIU A ROUPA NEGRA, AGORA É A VEZ DA CLARIDADE, DA LUZ, DA ESPERANÇA ............................................................

A roupa resplandecentemente

olhou

e ordenou incandescentemente,

_____“VISTA-ME AGORA!”

É tua hora!

Ela bela, branca, alva,

perfumada, flores do campo

maravilha, malva,

_____ vou clarear tua vida,

abrir teu sorriso escondido, contido,

serei a improvável neve

ainda que breve,

no deserto das tentações,

traçarei teu caminho,

não para ficar fácil e perto,

mas que seja duro, porém seguro,

quero espargir, reluzir tua aura,

pois neste mundo de equívocos, enganos,

acertos quase nenhum,

a roupa negra de um dia

foi mais um,

afirmou que tu falhaste,

asseguro-te daquela beleza tu escapaste,

agora que sou tua veste,

meu poeta e escritor,

alvoreci teu lado obscuro,

amanheci um dia brilhante, radiante,

porque tu foste um vencedor,

dissipou-se o negrume

da falsa promessa,

infiltrei-me entre as frestas do tapume,

lentamente, sem pressa,

sem alarde, sem gritos, sem puritanismo,

posto que a veste negra já pressentiu

e viu o fim;

O velho baú abriu seu tampão

e ela repousou enfim,

na própria escuridão...

ANDRADE JORGE

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20/12/05