OBRIGADO SENHOR, OBRIGADO SENHOR...

Acordei!
Uma sabiá me chamava
do caminha para a cachoeira.
Levantei-me!
Pairava no ar um cheiro suave
de jacarandá, peroba, aroeira.
jatobá, quaresmeira, limhático...
dezenas de aves de diferente canto 
davam um toque de encanto
àquele momento fantástico.
Abri a porta, saí!
de uma galha torta
fui anunciado:
_Bem-te-vi, bem-te-vi!
A sabiá, avisada,
voltou a insistir.
_ Por aqui, senhor, por aqui, senhor!
Não resisti.
Por entre flores 
de todas as cores
segui!
Adentrei pela mata
e pouco distante dali
avistei uma cascata.
Descrevê-la é impossível.
Sua beleza era indescritível.
Um casal de esquilos
namoravam ao som
de cigarras e grilos.
raios de sol
infiltravam por entre os galhos
e, num instante
iam transformando cascalho em diamante.
Percebi que quando homem e natureza
interagem
ambos se fundem numa única paisagem
que em todo o seu esplendor,
aproxima criatura e criador
pela linguagem silenciosa do amor.
Quando a sabiá voltou a cantar
_ Obrigado senhor, obrigado senhor...
resolvi retornar.
Uma sensação de calma invadira-me a alma.
decididamente,
eu era uma outra pessoa
diferente.
Que bom que não foi um sonho,
uma fantasia vã...
Mas um simples despertar
a cada manhã
em Sabará.