Amanhã de manhã

(À Juliene)

Pela manhã

O sol que desponta

Clareia os primeiros riscos do horizonte

E adentra mansamente o quarto

Pelas falhas da velha janela de madeira

Seu corpo aparece

Misturado ao lençol embolado

Minha falta de juízo e minha boca

Carimba cada polegada

Da sua pele adormecida

Pra quê “bom dia”?

Se o dia, assim, já está pra lá de bom

Sou criança

Me bagunço em seus cabelos

E me lambuzo de tanto doce

Toda manhã

O sol vem e remonta

A paisagem mais bela de se ver

Ali vejo serras, montes e nascente

E me afogo

Me mato

E nasço de novo...

Ontem

Hoje

E amanhã de manhã

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 14/09/2010
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T2496988