JANELA ABERTA À PAISAGEM

Ciprestes beiram a orla do rio,

como sentinelas

que guardassem um rico tesouro.

À volta o mato não está cuidado

e floresce

incomensuravelmente, no campo.

Do outro lado do rio tem uma língua

de água,

com alguns casarões e animais à solta.

Do lado de cá, distantes das árvores,

fábricas

expelem fumo, com gente lá dentro.

Passam carros de um a outro lado, nas

novas auto estradas,

ladeando o campo agreste e solitário.

As salinas estão tapadas, tirando-nos

a beleza,

de suas piscinas naturais e envolventes.

Alguns barcos estão ancorados,

num vai e vem

constante, produzido pelas ondas.

Entre as fábricas e o campo, passeiam-se

comboios,

de norte para sul e de sul para norte.

Aviões desenham estranhas sombras,

no telhado das fábricas,

preenchendo o nosso campo de visão.

A tarde está sombria, com nevoeiro,

além-mar,

e tudo parece tão mais triste e rude.

Volto para dentro; o quarto está vazio

e silencioso,

já que hoje não há pássaros a trinar.

E assim nasceu este poema, feito de

pequenas

filigranas, que compõem a paisagem.

Jorge Humberto

28/10/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 28/10/2010
Código do texto: T2583596
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