EU, MARUJO DE MIM.

Viver é preciso, navegar nem tanto.
Meu norte às vezes é o sul,
Nem por isso navego desnorteada.
Guardar e encontrar tudo que me ilumine,
Essa é a minha vontade,
Essa é a minha bagagem.
Navego, nagevo, navego...
Águas me levam
Águas me lavam.
Dos mares desfruto o ar,
As cores, as marolas, o sal, o céu.
O cheiro do iodo,
intenso, no ar,
marca e sara.
Algas e águas me levam à cura...

Um vento forte sofrea e
Faz deixar distante
As feridas e as dores.
E num descanso sonolento ouço o vento,
Enamorado ao sabor das marolas, cantar:
Para trás tudo que não me apraz...
Para trás tudo que não me apraz...
Para trás tudo que não me apraz...

Acompanham o meu navegar os pássaros.
Gaivotas em v perfeito,
Revezam o desbravar do ar,
Uma descansa, uma avança,
Juntas fazem a direção.
É a sábia natureza manifesta em silêncio visível.
A vida se formando,
A vida seguindo seu curso,
A vida em mim se renovando.
Viver é preciso!
Viver é preciso!
Viver bem é preciso!
Há tempo para desbravar
Há tempo para descansar.

Eu, marujo de mim, me dirijo.
Augusta hora me alcança
E meu caminho sou eu quem traço.


Brasília, 14/10/2006.

Para alguém que busca o norte
.
Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 14/10/2006
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T264299
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.