Garoas

Mulher faceira, toca o ombro

A noite é de madrugada, na

Primavera as garoas(1) abrem o sol

Digo para dizer este sol na tua

Mão na altura da boca , contorno

Os lábios grossos vê este rio que

Não vês, este Tejo , L(uz)boa que

Me deitas de madrugada no teu colo

Minha cidade de mar e palavras

O sol será em breve o oceano, todo

O céu azul, contorno um pouco mais

As pernas, a língua arde com as garoas

Ferve o teu colo, a febre da primavera

Hirto caminho de mão dada á ausência

Voa, voo ao rés do coração, as minhas

Lágrimas são as tuas uvas ,minha calda

De cerejas verdes. Não há obstáculo. O

oceano é apenas água, um túnel de

silêncio e ternura, a cena e o corpo

lugar da mesa larga e ampla ,terra

nostra, próxima face, toco-te os olhos

lê sem espanto um pé que ganhou

e adere no sol do solo, seguro

sem dor,.faminto como um eco do

fogo, feiticeira de janela e escadinhas

é preciso passar o frio para chegar ao

alpendre quente das garoas

José Gil

(1) chuva fina, de vez em vez

José Gil
Enviado por José Gil em 15/10/2006
Código do texto: T265059