CATILINA AZUL

Levo tempo no tempo a ter certezas

O intenso e diário labor da água

Na cascata Trinidad,os tufos de musgo

Do upload do teu colo, os seus arcos em

ogiva no Lago del Espejo, estilo chão

o corpo do café e a alma da rosa, café com

pele para azulejares a basílica ao centro do

palácio os teus seios no cordeiro místico

entre o martim-pescador e a graça real

a cascada do teu corpo barroco numa escultura

seiscentista. Procuro outra territorialidade

objectiva o teu vento do teu ventre num

enunciado projectual, descanso finalmente

como São Bruno em oração por uma teoria dos

efeitos na formação de uma linguagem maquina

na respectiva cripta de uma sala tecnológica

capitular do teu castelo de vidro onde te bebo

num barca velha, catilina , a azul, uma miríade de

fios de mel o teu middleware fresco e cristalino

numa opção join verde à força da água em Aragão

escrevo para nada e para viver outras vidas que

de outro modo nunca poderia viver neste mesmo tempo

nas tuas pernas no seu leito rochoso, o segredo do

chá vermelho Rooibos para alterar a visão do mundo

da miragem do paradoxo azul no Parque del

Monasterio de Piedra, o rio, o teu rio pedra onde

corre singular a tua água aragonesa,o teu bosque

um oásis de um violino de silêncio um ulmeiro

toco com os dedos todos esse teu corpo e os seus

pequenos ressaltos e na velocidade na luz e numa

cortina do jogo narrativo em água de maçãs

de mãos dadas no passadiço flutuante, a máscara

te revela, a escrita é o contrário do strip tease

o strip tease é o contrário de te despires

à sombra dos álamos e das tílias

a sumptuosa anca na minha boca

corpo intrigante quase uma buganvilia

uma miniatura de maqueta em roofmate

o teu corpo anguloso, e dinâmico, dança comigo

Lisboa 21 de Outubro 2006

José Gil
Enviado por José Gil em 21/10/2006
Código do texto: T270139