Quem te manda...

O meu é Francisco,

Francisquinho me podem chamar,

E corro grande risco,

Por esta história vir contar.

Conheci em tempos uma casada,

Que tinha cá um descaramento

Que não lhe escapava nada de nada,

Era um verdadeiro monumento.

Certo dia veio ter comigo, a rir,

Era uma alegria medonha,

Começou-se logo a despir,

Sem qualquer pudor ou vergonha.

Depois daquela primeira vez

Ficou-lhe a vontade toda,

Nem sei bem o que ela me fez,

até parecia que era dia de boda.

Tinha um pavor de estar vestida

Que parecia não ter fim,

Dizia-me que se sentia atraída

De uma forma irracional por mim.

Ali se deixava ficar deitada,

Sem qualquer tipo de atrapalho,

Declarava querer ser amada

E que isso não me daria trabalho.

Para junto dela me ia puxando,

Parecia andar sempre esfomeada,

Eu, como podia, lá me ia amanhando

Para não a deixar contrariada.

Ai que eu morro, ai, ai, ai,

Ai que triste vida a minha,

Ai meu querido e rico pai,

Ai minha querida mãezinha.

Deixava-me todo a tremer,

Com esta sua cantilena habitual,

Eu nem sabia o que fazer

Para não a deixar ficar mal.

Eu não sei o que sentia,

Se era alguma quebra de tensão,

Queria fugir mas não podia,

Oh meu Deus que aflição.

Eu já estava aflito

Ela começou-me a apalpar,

Foi aí que dei um grito

Pareceu-me que ia desmaiar.

Ela de novo se deitou,

Novamente me senti apalpado,

Tudo de novo recomeçou

E eu já me sentia esgotado.

Ai. Ai. Ai. Isso é demais,

Pára aí Francisquinho,

Ai. Ai. Ai. Não podes mais

Queres descansar um bocadinho.

Eu era um homem honrado,

Mas não volto a pedir clemência,

Mas ainda hoje estou pasmado

Com toda a sua potência.

E agora, para terminar,

Olha-me com ar inocente,

Diz-me que comigo vai sonhar

E que amanhã, volta novamente.

Francis Raposo Ferreira

FrancisFerreira
Enviado por FrancisFerreira em 31/03/2011
Código do texto: T2882185