O SIMPLES FACTO DE ESCREVER

A folha onde escrevo, pintei-a de rosa,

para lá pôr a minha prosa,

quando a douta inspiração,

comigo não está em deveras comunhão.

É como escrever no Arco-Íris, da tarde,

e sem grande alarde,

pôr nos versos os matizes,

como pequenos frascos de vernizes.

E assim sigo escrevendo com a anuência

da folha paciência,

algumas rimas acertadas,

que o que rege é que elas sejam separadas.

Também podem ir juntas, é conforme

ao dever, não é informe,

de se mostrarem a todos,

os versos que se querem a rodos.

Gosto de escrever disperso, sem regras,

e se acaso tu alegas,

que poeta tem de ser servil,

escapo-me e pinto a primavera de Abril.

Agora que já fiz um pouco de poesia,

é mais casto o dia,

e tudo corre fluentemente,

sem forçar nem se mostrar o dente.

Porque está nas mãos do poeta a lucidez,

daquilo que ele fez,

na folha consentimento,

parando o relógio e o astuto tempo.

E assim na roda-viva da nossa vida,

a prosa não é indevida,

leva o seu alento a cantar,

esperando que os outros possam gostar.

Jorge Humberto

15/04/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/04/2011
Código do texto: T2910645
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