CANTO À BRISA

Bate leve, levemente nos cortinados,

uma suave brisa, tecendo bordados

nas cortinas ao léu, bailando na janela,

como flâmulas, esvoaçando com ela.

Nas árvores se deita e às flores o clamor,

agitando suas pétalas em breve fervor,

mostrando de ambas o seu inverso,

como num lindo poema, todo em verso.

Brisa esta que vem desde lá do rio,

e os barcos ancorados, como num calafrio,

dão-se à ligeireza do parco movimento,

que os leva pelas águas adentro.

Mariposas coloridas, dançam na brisa,

encetando pequeno esforço, indo de divisa

em divisa, até alcançarem o infinito,

em suas asas de seda, sem grande atrito.

Da minha janela, pró fora, dou-me à distinta,

cabelos ao ar, pela aragem constrita,

e meus olhos, que são dados ao horizonte,

lacrimejam, no cimo daquele monte.

Passeiam-se pessoas, ao vento brando,

da brisa presente vão-se namorando,

os noivos e apaixonados, dando as mãos,

com gestos requintados de cortesãos.

Bate leve, levemente a brisa aos amores,

e nos jardins engalanados de belas flores,

vou com elas, até à minha amada,

que me espera de nardos enfeitada.

Jorge Humberto

10/07/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 10/07/2011
Código do texto: T3086417
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