O MEU RAPAZ
Ainda solto gargalhadas
graças àquele dia
em que gritei:
"Mãe! Hoje vou cheio de estilo!"
E fui...
Saí a correr de casa,
nem lhe dei tempo
para se perguntar o acontecera,
entretido com a minha fatiota.
A rua estava à minha espera
e eu não a queria desapontar,
abri a porta e mais uma vez gritei:
"Estou aqui! Não tenham medo!"
Então todos olharam, espantados,
para a minha figurinha...
Lá estava eu, mais feliz que nunca,
com as cuecas (Lavadas! Que sempre
fui muito limpinho!) a taparem-me
a cara até ao nariz, furadas por mim
para que pudesse ver os criminosos.
A toalha da praia era o meu dobro,
ás vezes quase que caía nela até,
amarrada ao meu pescoço, assim
já podia voar pelo céu azul.
Só de meias nos pés para ser,
mais rápido (As botas são pesadas)
e para não me magoar ao mesmo tempo,
os bandidos já não me ganham.
Os suspensórios que seguravam
as calças do meu pai, (se é
para ser super herói mais vale
parecer profissinal) serviam,
também, como arma letal.
E todos se riram, de felicidade
pensei eu, quando, pela primeira
vez, sonhei bem alto.