O MEU RAPAZ

Ainda solto gargalhadas

graças àquele dia

em que gritei:

"Mãe! Hoje vou cheio de estilo!"

E fui...

Saí a correr de casa,

nem lhe dei tempo

para se perguntar o acontecera,

entretido com a minha fatiota.

A rua estava à minha espera

e eu não a queria desapontar,

abri a porta e mais uma vez gritei:

"Estou aqui! Não tenham medo!"

Então todos olharam, espantados,

para a minha figurinha...

Lá estava eu, mais feliz que nunca,

com as cuecas (Lavadas! Que sempre

fui muito limpinho!) a taparem-me

a cara até ao nariz, furadas por mim

para que pudesse ver os criminosos.

A toalha da praia era o meu dobro,

ás vezes quase que caía nela até,

amarrada ao meu pescoço, assim

já podia voar pelo céu azul.

Só de meias nos pés para ser,

mais rápido (As botas são pesadas)

e para não me magoar ao mesmo tempo,

os bandidos já não me ganham.

Os suspensórios que seguravam

as calças do meu pai, (se é

para ser super herói mais vale

parecer profissinal) serviam,

também, como arma letal.

E todos se riram, de felicidade

pensei eu, quando, pela primeira

vez, sonhei bem alto.

Daniel Delgado
Enviado por Daniel Delgado em 17/01/2007
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