EU E MEUS MUNDOS

Veja! Não há mais ninguém em casa agora,

E lá fora o campo que verdeja

Há muito não é o mesmo que viceja em mim...

Essa distância toda me apavora!

Nada mais! Somente a brisa oriental me alveja,

Sopra com saudade das praias atlânticas do passado,

Acompanhando meus passos errantes pelo jardim...

E como tenho andado!

E como tenho sentido a chuva assídua de lembranças,

Reminiscências lacrimosas de antigas esperanças!

Chuva fina, persistente, infinda...

Cortina de névoa e paixão que me protege do coração tirano

Do carrasco ébrio de frieza, indiferente às vítimas que produz,

Que todo embrião de amor platônico que encontra por perto,

Por não crer nele, às cinzas da negação sinistramente reduz!

Fogo vermelho, iracundo, sangue airado do deserto,

Assim é o desamor: combustível emocional da rejeição,

Algemas frias para as mãos cálidas do coração,

Sentimento tão afeto à impressão moral da dor

Quanto desafeto à expressão sensível do amor!

Nos seus domínios meu coração em chamas sobrevive ainda,

Revivendo a fantasia que imaginei em cada mundo inspirado

Pelas imensidades inorgânicas: céus azuis, mares profundos...

Temas eternos das aventuras românticas que sonhei acordado

Nas estações dos doze meses solares do calendário gregoriano,

Poesias livres que nasceram da relação entre mim e meus mundos!

O que era pedra fez-se areia, e o tempo demoliu as velhas casas,

E as petúnias negras murcharam nos tristes jardins! Tudo o que fiz

Com amor, nos volúveis mundos em que vivi outrora, me deu asas

Para chegar aonde agora, em paz com a vida, vivo um sonho feliz!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 20/06/2012
Reeditado em 12/09/2014
Código do texto: T3734803
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